
Fico sempre impressionada, admirada de ver uma preciosidade para a cultura popular, de resgate de nossas origens, quando vejo esta casa no Distrito de Penha do Coco (eu sei que ainda não é um Distrito, Penha do Coco, mas passou da hora de ser. A população deve se organizar e pedir isto aos políticos. Se é que este é o desejo da população).
Voltando à casa o telhado é feito de tabuinhas de madeira (a mais usada era a madeira leve e duradoura, como a braúna, pau sabão. Esta casa provavelmente tem cerca de 100 anos. Nem em Ouro Preto a gente vê um telhado assim.
Quanto ao processo de construção provavelmente do século passado. Segundo a Tia Margarida foi construída nos primeiros anos do século XX. A técnica de construção é chamada de barreado. Coloca-se para formar a parede ripas entrelaçadas e joga-se um barro (argila e água) e assim alisa-se e por fim passava-se o barro branco. Anos mais tarde que foi surgindo o cimento, areia, ferragens, cal, tintas substituindo assim o processo que vemos na foto. Esta casa está situada em Penha do Coco, em frente à casa da tia Margarida e que é considerada uma verdadeira relíquia na história da construção civil, na comunidade de Penha do Coco e também do município de Chalé. Restam poucas unidades como esta.
Outra reivindicação do povo de Penha do Coco é pedir à Câmara de Vereadores providências legais para fazer um tombamento cultural, conseguir verbas e projetos de restauração (preservando como ela é, deixando aquele "rasgado" na parede para mostrar como era o barreado, um projeto feito por especialistas nesta área de restauração e conservação de patrimônio) e torná-la uma "casa da cultural" onde pode-se colocar, por exemplo um memorial da própria casa, da história do Distrito, de objetos antigos em exposição para as pessoas mais jovens e para os visitantes. Penha do Coco é um lugar que vem se desenvolvendo muito e a história do lugar e valorizar as coisas boas que tem. É uma ideia que podem levar até o Secretário Municipal de Cultura e com certeza ele tem mecanismos para colocar isto em prática. E o proprietário que manteve a casa assim até hoje será o primeiro a apoiar, pois mostrou com esta atitude muita sensibilidade ao teor histórico e cultural que esta construção nos remete. É uma opinião que decidi publicizar.
Por Sílvia Müller
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